quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Arqueólogos descobrem grandes áreas urbanas na Amazônia pré-histórica


Grupo encontrou 'cidades' de 700 anos cercadas com muralhas e fossos.
Comunidades lembravam assentamentos medievais ou da Grécia Antiga.


Tire da sua cabeça a velha idéia de que a Amazônia antes de Cabral era um grande vazio, um monte de "mato" com duas ou três tribos indígenas vagando ao léu. Essa visão está indo por terra há tempos, e acaba de levar uma nova pancada num artigo científico publicado nesta sexta (29). Pesquisadores americanos e brasileiros estudaram a região do Alto Xingu, em Mato Grosso, e acharam indícios de uma rede de assentamentos urbanos defendidos por muralhas e fossos, unidos por largas estradas e organizados em torno de centros rituais que lembram os que ainda são usados pelos índios da área. Trechos do Xingu que hoje parecem mata virgem ainda guardam, na verdade, as cicatrizes de "cidades" perdidas de 700 anos, afirmam os cientistas em pesquisa na revista americana "Science" .

As aspas em torno da palavra "cidades" são necessárias porque, ao que parece, os ancestrais dos índios cuicuros e outros povos do Alto Xingu não usavam o espaço da maneira urbana tradicional, empacotando grande quantidade de casas num só lugar. Em vez de um conjunto de arranha-céus, seus assentamentos estão mais para um condomínio fechado com vasta área verde. Eles combinavam uma sucessão de vilas, unidas por estradas (as maiores com até 50 m de largura), com trechos entremeados de lavouras de mandioca, florestas manejadas e mata virgem.

"O problema é que, se você acha esse tipo de coisa na Europa, é uma cidade. Se você acha isso em outro lugar, tem de ser outra coisa", explicou em comunicado oficial o arqueólogo americano Michael Heckenberger, coordenador da pesquisa, que trabalha na Universidade da Flórida em Gainesville. "Elas têm planejamento e organização incríveis, mais do que muitos exemplos clássicos do que as pessoas chamam de urbanismo", diz Heckenberger. O arqueólogo trabalhou, no Xingu, junto com especialistas como os antropólogos Carlos Fausto e Bruna Franchetto, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e com Afukaka Kuikuro, da tribo dos cuicuros, que também assina o estudo.

Polêmica de terminologia à parte, o certo é que, para os pesquisadores, as comunidades urbanas do Mato Grosso pré-Cabral tinham mais ou menos o tamanho de uma cidade média da Grécia Antiga (Esparta, por exemplo, que era relativamente modesta) ou da Idade Média (Coimbra na época em que o reino de Portugal foi fundado, digamos). Tais como essas comunidades antigas, as "cidades" do Xingu se organizavam em torno de uma praça central, com cerca de 150 m de comprimento, que servia para reuniões e atividades religiosas rituais.


 Segundo Heckenberger, os assentamentos estavam organizados de forma hierárquica, com "cidades" centrais maiores e vilas subordinadas, dispostas a poucos quilômetros de distância umas das outras, de maneira que uma caminhada de 15 minutos era suficiente para ir de um local a outro. As estradas que cortavam os conglomerados de assentamentos se organizavam de acordo com princípios astronômicos simples, orientando-se de nordeste para sudoeste.

Na região estudada pelos cientistas com a ajuda de aparelhos de GPS e guias indígenas, os assentamentos parecem ter se organizado em duas "ligas" de "cidades" e vilas, cada uma com território de uns 250 quilômetros quadrados e população combinada de 50 mil pessoas. Além das muralhas (feitas com paliçadas), fossos e estradas, elas eram servidas por infraestrutura de pontes, diques para captura e manejo intensivo de peixes e canais usados para o transporte via canoa lado a lado com as estradas.


Culpa de Cabral?


Toda essa complexidade urbana e social traz à baila a questão inevitável: o que aconteceu? Como a região deu lugar às aldeias e tribos relativamente modestas de hoje? O que os arqueólogos sabem é que o apogeu das "cidades" do Xingu foi de 700 a 500 anos atrás. Coincidência ou não, o período se encerra com a chegada dos europeus à América do Sul.

Acredita-se que o declínio das populações indígenas no continente esteja fortemente associado às doenças européias, contra as quais seu organismo não tinha imunidade, e as epidemias de varíola, peste bubônica e outras moléstias apareciam mesmo entre povos que não tinham tido contato direto com os colonizadores -- bastava se encontrar com outros nativos já infectados. Por isso, é bem possível que esses males estejam por trás do fim do urbanismo amazônico.



Fonte: G1.com


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Rondônia ganha centro de arqueologia; acervo é de mais de 500 mil peças descobertas em 700 sítios arqueológicos




As mais de 500 mil peças arqueológicas descobertas em Rondônia vão ganhar local fixo. O Complexo Arqueológico será construído no campus da Universidade Federal de Rondônia (Unir), em Porto Velho, e terá 2 mil metros quadrados. A afirmação é do arqueólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Danilo Curado.
Atualmente, as peças estão em dois laboratórios que fazem as coletas na construção das Usinas Hidrelétricas (UHEs) de Santo Antônio e Jirau. Segundo o arqueólogo, o complexo arqueológico será construído com verba das usinas em construção no Madeira. O complexo terá laboratórios e museu.
Conforme o chefe do departamento de arqueologia da Unir, Carlos Zimpel, o centro será o maior da Amazônia Legal. “O primeiro pertence à USP [Universidade de São Paulo], o nosso será o segundo maior do Brasil”, afirmou.
As coletas dos materias começaram em 2008, logo após a instalação das obras. Com a descoberta de 103 sítios arqueológicos na região das usinas, Rondônia soma mais de 700 sítios. Curado também explica que durante a construção da linha de transmissão de energia, que passa por Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, 60% dos sítios encontrados estão em solos rondonienses. “O que me impressiona é a quantidade de descobertas em tão pouco tempo”, comentou Curado.
Pesquisas
Zimpel explica que várias são as linhas de pesquisa do departamento com materiais arqueológicos. Entre as pesquisas está a de Cleiciane Noleto, que há dois anos analisa fragmentos rochosos para identificar como o material era usado pela comunidade que vivia às margens do rio Madeira. “Entre as amostras, existem rochas de 1,5 mil anos”, comentou a acadêmica de arqueologia.
Além das coletas que são realizadas pelas UHEs, Zimpel explica que há um projeto de identificação da comunidade que vivia no Vale do Guaporé (a 700 quilômetros de Porto Velho). “O local é fronteira entre Brasil e Bolívia e queremos identificar a população nativa daquela região”, comentou.

Fonte: Rondônia Noticias
http://www.rondonoticias.com.br/ler.php?id=123398

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Expedição na Selva Encontra 140 Peças Arqueológicas na Amazônia Peruana

Um total de 140 peças arqueológicas, incluindo machados de pedra e ferramentas usadas na indústria têxtil, foram encontradas na Amazônia peruana nos últimos dias. Segundo a agência oficial de notícias do Peru, a Andina, as peças estavam na região do Alto Amazonas, ao norte do país.

Os vestígios seriam de cerca de 1.200 anos atrás e indicam que os antigos habitantes da floresta no local realizavam atividades produtivas, de acordo com o Instituto de Investigação da Amazônia Peruana (IIAP). O órgão resgatou os artefatos e entregou para autoridades da área de cultura no país.
Segundo explicação do arqueólogo Santiago Rivas à agência Andina, as peças ficaram expostas após ocorrer um deslizamento de terra, causado pelas chuvas na região. Um morador da área informou pesquisadores que estavam em viagem sobre as peças, que puderam ser então estudadas.
Além dos machados de pedra, vasos, pratos, a escultura de um humano e outros fragmentos estavam entre as peças descobertas. Os arqueólogos acreditam que possa haver mais peças ainda escondidas no local do novo achado. Novos estudos deverão ser feitos para entender como as peças eram usadas pelas antigas civilizações da região.

Fonte: Oglobo.com